sexta-feira, 19 de abril de 2013

Análise do apólogo "Assembleia na Carpintaria"

Tomando como base o texto abaixo, será feita uma análise do mesmo logo em seguida.

Assembleia na carpintaria
Texto Anônimo

"Contam que na carpintaria houve uma vez estranha assembleia. Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças. 
O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.  A causa? Fazia barulho demasiado e além do mais passava todo o tempo golpeando. 
O martelo aceitou sua culpa, mas também pediu que fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. 
Diante do ataque o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a expulsão da lixa. 
Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atrito. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo sua medida, como se fosse o único perfeito. 
Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente a rústica madeira se converteu num fino móvel. 
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembleia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: "Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com as nossas qualidades, com os nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes". 

A assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar as asperezas, e o metro era preciso e exato. 
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalharem juntos. 
[...]"


O texto acima apresenta, como forma de narratividade, uma narrativa minúscula que, neste caso, é o apólogo. No apólogo, as situações são vividas por seres inanimados que adquirem vida para transmitir uma situação exemplar. No texto “Assembleia na Carpintaria”, temos esses seres inanimados vivendo uma situação. São eles: o martelo, o parafuso, a lixa, o metro, o serrote, que são ferramentas de trabalho e, portanto, não têm vida. Para exemplificar essa questão, temos: “(...) o parafuso concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa (...)”, sendo que parafuso e lixa são objetos e, por isso, não falam e nem pensam, como os seres vivos. Desta forma, não seria possível que o parafuso fizesse algum pedido. Pedidos são feitos por seres racionais e, de fato, o parafuso não o é. A situação apresentada é uma reunião que as ferramentas fizeram para que fossem acertadas as diferenças, ou seja, para que não houvesse desentendimentos entre estes seres.
Com rela
ção ao elemento estruturador da história, diz-se que ele está fora dos fatos narrados, sendo, portanto, narrador em 3ª pessoa. Além de ele ser imparcial nesta narrativa, ele é onisciente, ou seja, conhece todos os fatos da história, bem como conhece os personagens.
O ap
ólogo em questão apresenta uma mensagem final, uma "moral da história", que é a seguinte: não se deve enxergar apenas os defeitos do próximo, pois, se existem os defeitos, também existem as qualidades, que muitas vezes são mais relevantes que os tais defeitos. Além disso, o texto nos permite perceber que não é possível desenvolver uma atividade sem que haja toda uma estrutura social envolvida, uma vez que não se constrói nada sozinho, isolado, sem ajuda ou apoio de outrem.

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