quarta-feira, 31 de julho de 2013

Uso: entre mim e ele OU entre eu e ele?

Algumas pessoas têm dúvida sobre se a forma mais adequada é "entre mim e um amigo" ou "entre eu e um amigo". De acordo com a língua padrão, a melhor forma é: "entre mim e um amigo", entre mim e ti, entre ti e mim, entre mim e ele, entre ele e mim.
Nas combinações da preposição
"entre" com pronomes da primeira e da segunda pessoa do singular, a gramática tradicional prescreve que não se devem usar os pronomes "eu" e "tu", que são do caso reto e funcionam como sujeito, e, sim, as oblíquas "mim" e "ti". Quando esses pronomes vêm em primeiro lugar na construção, é mais clara ainda a necessidade de usar as formas oblíquas: "entre mim e ti", "entre ti e mim", "entre mim e ela", "entre ti e João". É a estrutura que convém usar na escrita e na fala formal. Principalmente em textos e provas oficiais.
Mas, sobretudo na fala comum, não se presta muita atenção a essa recomendação da norma culta e ouve-se:
"Entre eu e ele (ou: entre ele e eu) tudo acabou". E não só na fala. Até em jornais se leem construções desaconselháveis do ponto de vista formal, como "As dúvidas se resolverão entre o deputado e eu".
Mau exemplo. A forma incriticável dessa construção seria:
"As dúvidas se resolverão entre o deputado e mim", o que soa meio estranho, mas está correto, ou, mais naturalmente, antecipando o pronome e juntando-o à preposição com que se relaciona (que o rege): "As dúvidas se resolverão entre mim e o pai da pátria".
É o que recomenda a maioria dos sábios, porque os pronomes pessoais do caso reto
"eu" e "tu" não devem ser regidos por preposições, como "entre". Usam-se, então, os pronomes do caso oblíquo "mim" e "ti" nesses casos, conforme já dito anteriormente.
Essa dúvida é comum a muita gente. É natural que seja assim por causa da mistura da pronomes, preposições e ouvidos.
Há algumas causas e explicações para a natureza dessa dúvida.

1-
"Eu" é pronome pessoa do caso reto, usado apenas como sujeito, como vimos, não como complemento. No exemplo abaixo, "eu" é sujeito da forma infinitiva do verbo "ler":

"Ela emprestou um livro para eu ler nas férias" e não "para mim ler";

2- "Mim" é pronome pessoal do caso oblíquo. É, portanto, a forma oblíqua de "eu" e vem sempre antecedido (regido) de preposição. Funciona apenas como complemento.

3-
Em casos como o do exemplo anterior, utiliza-se "eu" por ser sujeito do verbo no infinitivo. A preposição "para" rege o infinitivo, está relacionada ao infinitivo, e não ao pronome "eu": para eu usar, para eu comprar, para eu fazer, para eu sair. por "eu", convém repetir, é sujeito do infinitivo. Por isso, nesse caso não se usa "mim", que não funciona como sujeito, mas sempre como complemento.

Diga o que reservou para eu fazer.
Há algo para eu comprar?
Escolha a roupa para eu sair.
Ela saiu sem eu saber.


3- Em "para mim", o pronome "mim" não é sujeito, mas complemento.

Diga o que reservou para mim.
Há algo aqui para mim?
Escolha a roupa para mim.


Mas "para mim" pode, sim, vir antes do verbo no infinitivo; nesse caso, "mim" não será sujeito, mas complemento, novamente.

Para mim (pausa) engaiolar animais representa um crime.
OU:
Engaiolar animais representa crime para mim.

Para mim (pausa) ver novela é um suplício para mim.
OU:
Ver novela é um suplício para mim.

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