quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Impedimento amoroso em "Amor de Perdição"



Segundo o crítico Antonio Candido, o romântico exprime a insatisfação com o mundo, alimentando a tristeza, o inconformismo social, desejando algo melhor que a sua realidade. Ele enfatiza o sentimento, tornando-se extremamente individualista e egocêntrico. Ele precisa do amor para sobreviver, e se não o tem, coloca-se em retidão, buscando "sustentação" na natureza.
Quanto ao contexto de Amor de Perdição, obra ilustre de Camilo Castelo Branco, percebe-se de fato a existência de tais características românticas.
Tomando como base Teresa de Albuquerque e Simão Botelho, tem-se que há entre eles uma relação amorosa. O fato é que este amor não pode se realizar devido à hipocrisia das convenções sociais - as famílias de ambos, ao descobrir o sentimento existente entre Teresa e Simão, tomam providências para afastar os amantes. Simão é enviado para outra cidade e Teresa é constrangida a aceitar o casamento com Baltazar, imposto pelo pai. O fato é que Teresa se recusa a trair seu verdadeiro amor e, como perfeita heroína romântica, não aceita esse casamento, preferindo encerrar-se num convento. Ao longo de toda a narrativa, Teresa e Simão mostram-se extremamente atingidos pelas características do Romantismo: idealizam uma outra realidade, pois a deles não é, de fato, agradável; são personagens tristes, pois não têm a única coisa que realmente desejam, que é a realização amorosa.
Simão acaba sendo preso e condenado à morte por matar Baltazar, mas isso acaba se revertendo e Simão é exilado.
Mariana, uma moça extremamente apaixonada por Simão, acaba dedicando sua vida para acompanhá-lo ao exílio, e os dois acabam morrendo.
Pode-se dizer que o herói romântico (Simão), mesmo que assassino (afinal ele assume ter matado Baltazar), é intocável: ele é um homem que matou por amor, e isso é prova suficiente de que o sentimento que ele nutria por Teresa era extremo, tal como o Romantismo "prescreve".
Com relação à personagem Mariana, pode-se dizer que a moça nutria por Simão um amor não correspondido, já que o rapaz era apaixonado por Teresa. Seu amor é visto como ultrarromântico. Ela desempenha no romance o papel de intermediária entre Simão e Teresa. Seu amor por ele é abnegado e incondicional, relegado à esfera platônica. Isso permite que Mariana, visando a felicidade do amado, sirva de "pombo-correio" entre os amantes, tal era seu extremo amor. 

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